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sexta-feira, 9 de abril de 2010

Oh ser complicado este humano

      Você é especial! Mas por quê? O que torna você tão especial? Quem disse isso, sua mãe, seu irmão, o espelho? Por que temos dificuldade em admitir o fracasso, e por que algumas pessoas reagem tão mal ao serem elogiadas por outras em público? Temos que provar pra quem nosso valor? Estas são questões que muitas vezes não fazemos desta forma, mas invariavelmente as respondemos sem a menor consciência, e não raras de forma desastrosa.
      Hoje a internet nos brinda com os mais variados conceitos sobre tudo e sobre todas as coisas, mas podemos colocar o ser humano num saco e dizer que somos apenas alguns grupos e que uns reagem assim e outros assado? A resposta é não. Porque se perguntarem isso a um número expressivo de pessoas, as respostas inicialmente parecerão iguais, mas faça a próxima pergunta e a resposta já se modifica, e é esta questão que a superficialidade de uma leitura rápida e inconsistente do ser humano nos leva a conceitos errados e que não passam de uma rasa concepção da realidade.
      Ao fazermos uma pergunta extremamente pessoal e que leva o outro a se questionar de forma tão profunda, o mínimo que podemos fazer é dar-lhe tempo para refletir. Após este tempo, é incrível como observamos valores e realidade tão distintas de uma pessoa para outra.
      Perguntei a um jovem cursando Ciências Contábeis por que ele era especial? Sua primeira resposta foi outra pergunta: como assim, para quem? No que eu disse: para você mesmo. Na sua visão, o que o torna uma pessoa especial? E antes dele pronunciar outra pergunta disse que ele tinha 5 minutos para pensar, e isso causou surpresa nele, mas em menos de um minuto ele disse: sou legal, me acho bonito, estou estudando para ter uma profissão e aproveitar uma oportunidade que meus pais não tiveram. Sou esforçado e estou em uma pequena porcentagem deste país, estou certo?
      Agradeci a resposta e proferi a seguinte frase: - Você disse isso porque acha que esta resposta é o que as pessoas querem ouvir, certo? Quero saber o que você tem de especial como ser humano? Isso não é uma entrevista de emprego e não há certo e errado. Vou voltar aqui no intervalo e você me traz uma resposta, se ainda achar que é a mesma te deixo em paz, combinado? Só peço que pense no assunto e reflita um pouco.
      O jovem me olhou desconfiado, mas aceitou o desafio. Noventa minutos mais tarde ele retorna ao mesmo local e me entrega uma folha com várias linhas preenchidas e diz: não consegui prestar atenção alguma na aula. Tá aqui! Era isso?
      Vamos ver, disse eu.
      E lá estava a descrição do por que se julgava especial. Perguntei se ele queria ler para mim e ele disse que eu era chato, mas que não, já tinha feito a “tarefa”.
      Em meio a tantas coisas pessoais, constava a seguinte frase: meu pai não é o melhor exemplo, mas ainda assim amo ele e o acho o melhor pai do mundo. Pouco depois dizia quase o mesmo da mãe, e finalizava dizendo que hoje o que o tornava mais especial que muitos de seus amigos era o fato de seus pais estarem casados há 28 anos e ele e seu irmão terem saúde.
      Mais 10 abordagens com pessoas do mesmo curso, mesma classe social, estilo de roupa, e...
      Nenhuma resposta igual, a que falava da família dizia que tinha condições (dinheiro), outra trazia o argumento que o grande motivo de ser especial era o fato de ele ser homem e sua namorada ser “muito gata”. Uma jovem disse ainda que o fato de estar viva e ser virgem era o “seu maior trunfo”. Houveram respostas parecidas nos outros 5 cursos pesquisados da mesma forma, mas nenhuma trouxe grupos que pudéssemos simplesmente jogar em uma grade de dados e pronunciar estatística frias como uma forma de gelo.
      Não defendo aqui que se deixem de realizar pesquisas estatísticas, pelo contrário, mas há certas questões que não podem simplesmente serem tabuladas e defendidas como verdade absoluta sem uma amostra realmente importante, consistente e verdadeira.
      O ser humano é complexo, mutável e altamente capaz de alternar comportamentos e hábitos, mesmo que uma pequena amostragem diga o contrário. É um ser individualizado e que traz consigo uma visão única de mundo, e mesmo o mais influenciável de nós é capaz de traduzir com suas palavras qualquer situação do cotidiano, basta que para isso lhe dêem tempo de refletir e prestem atenção na sua resposta, valorizando-o como pessoa. Inclusive esta simples opção pode transformar a vida dele como um todo, então como tabular ser tão complexo e cheio de opções? Não me venham com essa, pois nessa eu não caio.
      Para ser especial, basta que alguém assim o considere, inclusive ele mesmo, ou o seu self, como nossos queridos colegas psicólogos (ou os americanos) chamam o nosso “eu” interior.

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