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quarta-feira, 14 de abril de 2010

Quem convidou!?

      Chega um sujeito nada extravagante, bem trajado, com certo charme no caminhar e cumprimenta um a um em uma roda de bate-papo, naquela sexta depois do dia das crianças. Todos com espírito leve e à espera da terceira rodada de chopp. A turma é formada por contemporâneos de faculdade. Todos se entreolham, mas como o estranho não faltou com o respeito, apenas retribuem o cumprimento, com certa estranheza. Gabão sai do banheiro e avista a cena. Apressa o passo e logo desfaz o mal-entendido. Apresenta Serafim a todos, que respiram aliviados e não conseguem esconder certo constrangimento. Em três anos jamais tinha convidado uma pessoa para o sagrado momento da sexta-feira.
      Armando cochicha em tom irônico com Isoldinha:
      - Será que resolveu sair do armário?
      Todos apresentados, a conversa continua e o estranho come o seu petisco, dá uma risada das piadas, toma seu chopp, mas tudo em total silêncio e discrição. Quando vem o terceiro copo de chopp, o convidado que até então estava só na observância aproveita um momento de silêncio e se pronuncia com voz firme:
      - O que é o tempo? Logo após:
      - Qual a formação da onda ideal? E emenda:
      - Quem tem razão, Darwin ou Descartes?
      - Por quanto tempo dura uma paixão?
      - Qual a razão de ser da inveja?
      - O que se faz depois do pós-barba?
      Diante do mais absoluto espanto e nenhuma resposta, continua o “interrogatório”.
      - Quem acha que pode dizer ao outro o que fazer?
      - Que tipo de homem bate numa mulher? E para concluir, faz uma pausa, como para causar impacto, e solta o desafio:
      - Alguém desta mesa tão distinta se habilita!?
      Levantando-se sugere que se encontrem naquela mesma mesa, na próxima sexta para discutirem estas questões, toma seu copo de chopp em um só gole, levanta e se despede com um abano geral. Todos o miram boquiabertos até sair por completo.
      Quando Gabão tira os olhos do Serafim e os mira de volta à mesa, sente todos os olhos presentes à mesa o fulminando. A primeira a dizer alguma coisa é a Verinha:
      - Você nunca convidou ninguém, e na primeira vez vem este, esta, este... esta figurinha metida a Platão!
      Em seguida é a vez de Sérgio:
      - Gabão, antes de hoje eu te invejava por nunca ter convidado ninguém, o único a quem nunca cedeu ao direito de convidar alguém e vem este Serafim falar esta baboseira toda. Você não é mais o capitão do nosso barco.
      Todo mundo começa a xingá-lo das mais variadas formas, uns mais exaltados como o Trovão (apelido do Jorge, depois do carnaval de 98 e seus inesquecíveis “trovões”) que chama Gabão e o amigo de pulhas safados. Mas ninguém foi tão cruel como a Marinha:
      - Evander (nome de registro do Gabão), você foi a pessoa que jamais soube aproveitar as chances que a vida te ofereceu, e nem na nossa turma você conseguiu isso. De onde você tirou este palerma metido à besta para vir com estas perguntas cretinas?
      Então depois de todos se pronunciarem ele respira fundo e diz com a maior calma do mundo:
      - Pessoal, o Serafim foi aquele mesmo cara chamado de “tesudo!” por esta mesma Marinha que acabou de chamá-lo de palerma. Só que isso foi há nove anos. Este mesmo “palerma” que “pegou” a Nanda no Cssgapa em 94. E é aquele mesmo cara que o pessoal chamava de Bill Gates lá na UFRGS. Que se não me engano, o fortão do Romualdo chegou a querer autógrafo, dizendo que um dia ia valer uma fortuna uma assinatura daquele “gênio”.
      Novas manifestações só foram proferidas depois de dois longos minutos de silêncio, e em meias palavras.
      - Não acredito!
      - Putz!
      - No que foi se transformar aquele gostoso?
      - Nã.....
      - Por que tu não... Será? Capaz!
      Até que o Sérgio pede desculpas e pergunta por que o Gabão não disse que aquele cara era “aquele” cara!?
      Então Evander estufa o peito e diz:
      - Porque eu queria mostrar pra vocês o quanto um adolescente pode se tornar "palerma" quando fica adulto, mesmo que todos achássemos que seria um sucesso. E que nós, apesar dos defeitos, temos a dignidade de poder dizer o quanto sentimos orgulho dos nossos amigos, de poder dividir esta mesa há tanto tempo, mesmo depois de termos nos formado e ainda assim alguns serem garçons, donos de sexy-shop ou cirurgião de cães e gatos. Pessoal: Eu amo vocês!
      A emoção toma conta de todos! Gabão é abraçado, beijado, apertado...
      Vem mais uma rodada de chopp regado a risadas, piadas e muita nostalgia.
      Tudo volta ao normal. Mas depois do acontecido nenhuma outra pessoa foi convidada para a turma de sexta, no Bar do Calixto, sem a autorização prévia do Capitão Gabão, que agora era de novo “o cara” da turma.

Um comentário:

  1. Pensou que era plágio da Zero Hora né!? rssss!
    Boa leitura pessoal e obrigado pela paciência!

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