CUIDADO!! Ao entrar neste Blogg, você começa a fazer parte dele. Então: Comente, atue, aja, saia de trás da cortina e venha para o palco junto comigo. Vamos fazer parte deste mesmo time de loucos, que quem pensa que é certo neste mindo está delirando. Mas seja você mesmo, sempreeeeeee! Ou... seja ator, mas não esqueça que assim viverá a vida de outros... enquanto a sua está correndo ai ao lado... Sejam bem-vindos(as)!

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Próximos capítulos

Anúncio em jornal de grande circulação em São Paulo:


Transexual sarada, 27 anos. Olhos verdes e cintura de dar inveja à miss. Procura homem para relacionamento sério, que queira constituir família. Tenho independência financeira e ótima saúde. Favor entrar em contato através do fone 878... ou comparecer no Endereço Rua Das Camélias...

Um jornal local viu o anúncio e foi conferir de forma a paisana o resultado na segunda-feira seguinte. Tinha uma fila que beirou chegar a uma volta no quarteirão “da” cidadã...

Continuação em breve...

domingo, 1 de agosto de 2010

Voltando...

Buenas tchê!
Amigos e amigas!
Só para informar que o Blogg volta à ativa.
Desculpe o período de ausência, mas Copa e os projetos em paralelo me fizeram cometer o pecado de deixá-los a sós... mas... estou voltando, e mais apimentado do que nunca!

Aguardem colunas irreverentes e com conteúdo. Ao menos se não for brilhante, será interessante...
Se não for interessante, será irreverente...
Se não for irreverente, será diferente...
Se não for diferente... bem... ai não dá pra querer.. rsssss..

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Esbravejo Gaudério

     Ontem eu vi um menino cheirando crack.
     Foi um dos piores e mais deprimentes momentos da minha vida, simplesmente horrível.
     Ai me perguntei: o que fazer naquele momento? Fiquei paralisado, atordoado, triste.
     Por que as pessoas fazem isso consigo mesmas? São vítimas de uma sociedade corrompida? São frutos de um estado cada vez mais alienado, burocrático, inerte?
     E o livre-arbítrio? Que outrora fora tão sonhado e utópico, hoje é uma realidade, mas o que fazemos com ele?
     Nosso querido Rio Grande, sempre propagado por alguns românticos como “o mais”, e por alguns outros mais realistas (ou menos bairristas) como “um dos mais” politizados estados da Federação encabeça a lista de usuários desta droga tão nefasta.
     A liberdade é bem utilizada pela maioria e de modo produtivo, embora geralmente egoísta. Mas de qualquer modo, exercida como bandeira do homossexualismo, identidade visual, grupos políticos, expressões culturais ou até mesmo da opção de ficar na inércia, entre tantas outras.
     Só que o fato relevante aqui é exatamente o outro lado. Como fica a minoria? Que cada vez mais aumenta? Quem defende seus interesses? A família que não sabe se acorrenta o filho ao pé da cama ou chama a polícia? A família que não sabe se dá o dinheiro para o usuário se acalmar e não espancar o pai ou se faz vista grossa para os objetos que vão sumindo e sendo trocados pelo vício que consome o ente querido a olhos vivos?
     Uma grande empresa de mídia faz propaganda contra, mas até que ponto essa campanha é eficaz? Não sou contra, mas talvez ela esteja fazendo a coisa do jeito errado. Da forma que está sendo feita, a droga tem espaço publicitário em horário nobre e parece ter voz própria que sussurra o dito popular: falem bem ou falem mal, mas falem de mim.
     Cadê o estado? Cadê o exército? Onde estão as forças políticas que negociam o salário de 600 pila de um aposentado em troca de um cargo de 10 mil? É desta corja que devemos esperar ajuda?
     Por que no Rio de Janeiro surgiram as UPP’s? Porque teve alguém com culhão para chutar o pau da barraca e seus currais eleitorais para o alto. E antes de alguém dizer que continua ruim por lá – o que é verdade – vejamos o ato de melhoria, porque a estrada é longa e não se desfazem erros conscientes de 40 anos em 4 meses. Mas ações podem começar, iniciar e acontecer a qualquer momento, inclusive a ação do seu dedo nos numerozinhos daquela caixinha que em outubro a corja lembra e chama de urna.
     Antes também de algum gaúcho achar que alguma coisa no RJ foi feita por alguém nascido aqui, deveria cobrar desta governadora paulista que nos governa por que alguém da sua equipe não vai à cidade maravilhosa aprender alguma coisa, ao invés de ficar pedindo favor ao seu candidato presidencial.
     Que una-se governo e grupos poderosos a favor da sociedade, mas que mostrem ações de fato, mão na massa. Que fiquem mostrando as conseqüências do vício, mas mostrem também as causas dele. O que fazer para impedí-lo? Aprendamos alguma coisa com as multinacionais, que oferecem mais que empregos em troca da isenção de impostos. Elas ensinam a atacar problemas na raiz, a prevenir. Remédio tem na farmácia da esquina, mas como curar um ser humano que aprende a usar crack na escola, ao invés de aprender a fórmula de báskara?
     Que tal tirar a mão do papel do higiênico e colocar num pincel de boa vontade? Que tal pintar um novo quadro nesta terra tão bela, que está precisando de uma visão que vá além do horizonte limitado do Mampituba?

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Pitadas de mau humor

   Dizem que o mau humor afasta as pessoas
   Mas quem as quer por perto?

   Mal-humorado vive solitário
   Mentira. Tem sempre alguém pra nos deixar mais mal-humorados ainda

   Desabafar com gente mal-humorada é muito bom
   Pra quem tem boa auto-estima

   Se o Chuck Norris renasce das cinzas
   O mau humor vem do nada

   Se você acha que o Mutley é resmungão
   Você não conheceu o Garoto Enxaqueca

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O culpado é o inocente

      O vivente preparava tranquilamente seu mate pela manhã quando de repente passa um vulto tão rápido, mas tão rápido que ele pensou ser um fantasma ou um bicho qualquer. Daqui a pouco o vulto passa esbaforido e nem tão rápido quanto antes, embora com a mesma pressa. Na segunda passagem Martinica reconhece o dito-cujo, mas na ânsia de perguntar o que estava acontecendo o vulto passa por ele e nem dá tempo de pensar na segunda pergunta, quanto mais pronunciar a primeira. Para completar não lembrava o nome do sujeito.
      Passam-se 5 minutos, e então escuta um alvoroço, que parece ser perto dos fundos da sua casa. Franze a testa, ”antena” as orelhas para prestar melhor atenção e logo ouve uma convulsão de vozes: gritos, xingamentos, pedidos de silêncio e até um bater de panela. O que se consegue ouvir são palavras isoladas: sem-vergonha... figa... calma... explico... nunca... culpado... plá!... inocente...
      Num girar de corpo lá se vai Martinica morro acima, vestindo pantufa, calça de pijama e um casaco que faz às vezes de um sobretudo por cima da camisa gasta do seu pijama favorito. Sai tão apressado que se esquece de trancar o portão. A esposa levantando-se da cama ainda tenta impedir sua saída, mas está tão concentrado nas outras palavras que não chega a ouvir as da mulher. Já estava com a cabeça e a atenção longe.
      Os gritos vão aumentando e apontando uma direção. Ele coloca as mãos junto ao ouvido, como se formassem uma concha, e então reconhece a voz do vulto, que a esta altura já lembrara o nome, ou melhor, o apelido do corredor que há pouco passara pela frente de sua casa: era o Jamanta.
      Quer correr, mas uma pontada no peito o impede, assim segue à sua velocidade de passos rápidos, porém curtos. Isso o angustia, pois tem pressa em poder ajudar o amigo de outrora, que prevê estar em situação de perigo. Vai chegando ao local, depois de atalhar por dentro da trilha que correra desde criança, e as vozes vão ficando mais claras:
      - Eu te mato o safado!
      - Mas eu não fiz nada, eu juro.
      - Como assim não fez nada!? E as marcas de batom na gola da camisa?
      - O que você fez com a minha filha, seu desgraçado!?
      - Deixa eu expli...
      Pleft! É o estalo de um tabefe.
      Mais 5 passos e enfim Martinica rompe a mata e interrompe o imbróglio:
      - Meu Deus! O que tá acontecendo? Por que tão batendo no Jamanta!?
      A mãe de Valtério - vulgo Jamanta - olha o recém-chegado e diz:
      - Deus o abençoe meu filho.
      Enquanto Foguinho – o agressor – com fúria nos olhos pergunta: “Quem é o sujeito e o que está pensando para se meter em briga de família? Por que não se manda antes que sobre pra você também?”.
      Martinica pede calma e diz que conhece o Jamanta desde os 15 anos, quando foram pro Jacuí trabalhar e que o amigo sempre fora sujeito direito e honesto. Não estavam eles cometendo um engano?
      Foguinho – que também é cunhado do agredido – dá mais uma bofetada em Valtério e fala a Martinica (que a esta altura tomava a dianteira da conversa):
      - Então quem sabe o senhor possa me explicar o que faz aquela marca de batom na gola da blusa deste safado...
      O intruso diz que pode ter sido um abraço em uma amiga – já que Jamanta sempre fora tão simpático e querido por todos – talvez uma armadilha, mas que o melhor seria deixar o acusado se defender ou ao menos tentar se explicar.
      Com estes argumentos os ânimos se acalmam e Foguinho deixa então que Valtério se explique. Este por sua vez, diz que realmente o amigo fora enviado por Deus e que havia acontecido exatamente aquilo: havia encontrado uma amiga das antigas e que haviam se abraçado, inclusive ela estava com o marido e os filhos. Desta forma a marca de batom só poderia ter sido causada por puro acidente mesmo, no momento do abraço.
      A esposa de Valtério olha meio desconfiada para Martinica, e mais ainda para o marido. Mas nisso o primeiro já estava se dirigindo à sogra de Jamanta e dizendo que a panela que ela segurava nas mãos ao invés de servir para bater no genro poderia ser usada para o mocotó da reconciliação. Esta última palavra amolece os corações. Todos acreditam na versão de Jamanta e a paz assim volta ao lar. Martinica convidaria sua esposa para vir almoçar com todos e assim selarem a união do amigo e os familiares da mulher.
      Já se encaminhando para casa, Jamanta chama o antigo companheiro e pergunta sussurrando:
      - De onde você tirou aquela desculpa maravilhosa? Eu já estava quase me entregando. A culpa é daquela garçonete desgraçada lá do bar do Ademir. Ontem estava no balcão conversando com ele e tomando minha cervejinha, quando de repente me viro e ela também. Ambos estávamos de costas, então nos viramos ao mesmo tempo e derrubamos toda bandeja que ela carregava. Ela quase caindo segurou no meu braço, eu me desequilibrei e ela foi parar com a boca no meu pescoço. Foi puro acidente, mas quem ia acreditar nisso?
      Martinica olha para o amigo e profere a seguinte frase:
      - Por isso eu sempre digo: o culpado é o inocente!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Pimentinha

      A presidenciável Dilma Roussef segue a mesma linha do Lula, mas com metade do carisma e um quarto de sua criatividade. Pode ser que um pouco mais culta, mas a ausência da figura do presidente ao seu lado será motivo de ruptura certa em um possível governo. Dilma só empresta sua imagem na maioria das manchetes que aparece, o espaço para palavras e idéias próprias ainda não apareceu. A sombra de Lula incentivou seu aumento nas pesquisas desde o anúncio do Pac até agora, onde é candidata de fato. Mas a questão que fica é: falta argumento ou está esperando a hora certa para revelar-se? Façam suas apostas!

Escolhas do mundo adulto

      Dizia o mestre Renato Russo: “quem pensa por si mesmo é livre, mas ser livre é coisa muito séria”. Sabemos hoje em dia o que é ser livre? R.R. ensina muito em suas palavras, conta a verdade de muitas vidas sem tê-las vivido. Quem ouve suas canções se apaixona por suas letras, as decoram, as devoram. Há sofrimento em muitas linhas, mas a dor ensina o ser humano a evoluir, ensina a ser mais forte, ensina que a dor faz parte da verdade e se você não sabe conviver com ela tem que aprender. Esse é um caminho irreversível, pois sangrar a alma não é uma escolha, mas uma direção que mais cedo ou mais tarde terá de ser trilhada.
      Quando se enfrenta este trajeto é preciso estar aberto ao novo, pois a dor não faz parte dos sonhos de ninguém, mas da vida de todos. Cada um tem sua parcela, mas todos pagam. Atrasar pode ser um mau negócio, pois o fiador pode voltar e cobrar tudo de uma vez só, e ninguém está preparado para esta quantia. Os caminhos se fecham e restam poucas escolhas: voltar atrás e saber que mais cedo ou mais tarde terá de enfrentar e sentir tudo isso de novo; viver no mundo ilusório, beber, drogar-se, criar uma dupla personalidade, refugiar-se num mundo só seu e irreal, sem “sofrimento consciente”; ou enfrentar a dor e saber que ela diminui em muitos momentos, mas também saber que em outros ela aperta e fere. Há melhor caminho? Não, apenas opções individuais.
      “Vem de repente um anjo triste perto de mim”, assim R.R. nos prestigia com outro ponto de vista, quem sabe apenas com um triste verso, mas de beleza única. “Quando tudo está perdido, sempre existe uma luz”, aqui se pode notar que o otimismo pode existir dentro de cada um. Mas nas entrelinhas há outros dois ensinamentos que nem todos conseguem ler nestas frases poéticas e profundas, talvez um pouco deprimentes, mas que exprimem verdades difíceis de serem ditas. Um anjo triste pode significar punição, mas também juízo. Faz tanto tempo que caminha sem saber pra onde que o seu anjo se entristece, mas conseguir senti-lo faz com que possa fazer algo para alegrá-lo, ou ao menos diminuir a tristeza do anjo, que se traduz na sua consciência, ou alterego. Quando se tem consciência do caminho errado, ou impróprio, vê-se a luz no fim do túnel, e neste momento outra direção se abre, uma que proporcione mudanças, que traga otimismo e quem sabe possa fazer “o anjo” gargalhar. Gargalhar é exagero, mas um sorriso seria muito pouco para momento tão sublime.
      A luz tocar a alma de um indivíduo é “coisa muito séria”. O ser humano se liberta e ai acontece o momento de novas escolhas. Novos caminhos. Novas direções. Sair das “trevas” é uma coisa, aprender a caminhar com dor é outra. Saber que momentos tristes e alegres existem, todos sabem, mas o que fazer nos momentos onde a alegria ou a tristeza se amplificam e tomam proporções que fogem ao controle? Aqueles instantes onde a insanidade bate na porta e o êxtase invade a mente humana. Estes trazem o verdadeiro ensinamento de R.R., que os limites existem e quem anda em cima deles o tempo todo cai, e na queda não importa o lado, pois nenhum deles é bom.
      Sentir a alma ser tocada, ter um orgasmo, deprimir-se, gargalhar, machucar-se fundo, ou sentir euforia é um limite que todos passam na vida, e bom ou ruim eles ensinam e fazem com que o ser humano aprenda a lidar com o seu limite. Por outro lado, prevenir-se, não machucar-se, sorrir, alegrar-se com pequenas coisas, sentir uma dorzinha de vem em quando são as partes onde se devem prestar atenção e aprender, pois são estes fatos quase imperceptíveis do dia a dia que proporciona a cada um chegar ao seu limite, subir ao topo, ou descer ao mais baixo nível. Mas cada pequeno acontecimento contribui de certa forma para saber o que fazer depois desta linha cheia de adrenalina ou melancolia ser ultrapassada. Deixar-se enlouquecer ou voltar ao normal e estar pronto para se chegar ao limite outra vez? A escolha é sempre sua, só sua. Bem-vindo ao mundo adulto das escolhas com conseqüências.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Elas mudaram!

      Uma mulher com cara furiosa olha ao redor e dá um suspiro: Haããnnn!
      Norma a olha e pergunta à amiga: Que foi Marcinha?
      Tem muitos gatos aqui nesta festa. Nossa! E eu perdendo tempo com aquele grosseirão lá em casa. 4 anos... 4 anos!!
      Norma diz: Eu queria um dedo destroncado daqueles na minha, mas...
      Olha aqui Norma, eu não quero falar nisso. E se você repetir esta frase de novo não falo mais com você. Não foi com você e assunto encerrado.
      Norma passara o trajeto todo falando que ela estava desperdiçando uma oportunidade rara na vida. Dormir e acordar com o Afonsão era o sonho de 9 em cada 10 mulheres do bairro, como ela não via a burrada que estava fazendo?
      Mas Marcinha estava decidida que com aquele animal não dormia mais.
      Afonso estava em casa desconsolado. Abriu uma garrafa de cerveja para tentar afogar as mágoas, mas uma garrafa não ia adiantar. E como só tinha aquela em casa, desistiu da idéia. Não sairia pra rua por nada nesta noite.
      Tinha parado de beber por causa da Marcinha, que era toda natureba e dizia que o único álcool permitido em casa era o vinho, desde que em pequenas doses. Como não gostava de vinho, tinha estoque de suco de graviola - sugestão da Marcinha que acabou virando sua bebida predileta. Agora que estava livre para beber o que quisesse, daria tudo para poder beber novamente seu suco de graviola, desde que na companhia da mulher (ou ex) e não sozinho como agora.
      Altas horas e um cara pergunta a Norma: Vocês estão sozinhas?
      Norma olha com desprezo e dá um fora daqueles no sujeito.
      Marcinha quis saber o que havia acontecido para a amiga ter um "pití" daqueles, mas esta última diz que não era nada, apenas um bebezão abusado, com músculo abaixo do pescoço e vácuo acima.
      Afonso toma duas boletas para dormir, mas não consegue pregar o olho. Abraça-se ao travesseiro com o cheiro da amada e cai em lágrimas. O bebezão parecia estar ali, sem músculos nem em cima nem embaixo do pescoço, mas com o mel nos lábios e sutileza nas palavras que faziam a mulherada do bairro suspirar por ele. Invejavam mas também admiravam seu amor por Marcinha.
      Tentou ligar 17 vezes para a mulher, mas esta não atendia, deixara o celular na casa da amiga, prevendo tais ligações e não queria ser incomodada na sua noite de desforra.
      Enquanto isso Marcinha requebrava na pista de dança e deixara a vida comedida de lado. Havia comido duas fatias de torta de sorvete com muita cobertura, tomado três doses de tequila com ritual completo e aceitado todo tipo de bebida que lhe ofereceram na festa. Ela e a amiga estavam altas quando foram pegar o táxi para voltar pra casa. Norma estava em pior estado que ela, sem condições de pronunciar uma única palavra que se entendesse.
      Marcinha ficou indignada, mas como toda indignação de bêbada irritada não tem muito efeito, e já estavam dentro do táxi, só soube dizer o endereço habitual: o do seu apartamento. O mesmo em que Afonsão estava agarrado ao seu travesseiro, inconsolável.
      Chegando ao destino, o taxista demorou mais de 5 minutos até que conseguisse tirar as duas do táxi. Para piorar, foi obrigado a ajudar a segurar uma delas enquanto a outra tentava colocar a chave no buraco da fechadura - que parecia se mover... Foram socorridos pelo porteiro, que ajudou a entrarem no prédio, depois no elevador.
      Chegando ao apartamento não chegaram a bater 3 vezes na porta e lá estava o Afonsão todo animado com a chegada das duas. Nem se importou com o estado alcoólico de ambas. Levou um chega pra lá inicial, mas acabou ajudando a acomodar as duas e foi dormir alegre porque Marcinha havia lhe dito que depois se falavam, quando pudesse pronunciar uma frase inteira com sentido.
      Afonsão acorda e vai direto ao encontro da amada.
      Lá está um bilhete que diz o seguinte:
      Obrigado Afonso. Se você tivesse notado minha escova progressiva e a nova cor do meu cabelo, tudo poderia ser diferente. Mas não é. Espero que você sofra. Estou indo para o mundo. Me liga quando quiser, se não atender foi porque achei um escroto que notou meu cabelo, embora saiba que nunca mais sentirei um beijo igual ao seu.
      Afonso lê incrédulo o bilhete. Como poderia imaginar que quatro anos de amor seriam jogados fora por uma simples cor de cabelo e uma escovinha. Pô! Se ainda fosse troca de sexo ou houvesse uma fratura exposta. Mas uma escovinha...
      Não dá mais para se dizer quem é o sexo frágil, apenas que as mulheres não são mais as mesmas. Nem melhores nem piores: mudadas!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Consequência do nascimento

      Quando nascemos ganhamos um pacote que inclui pais, irmãos, tios, avós, amigos dos pais, filhos dos amigos dos pais, primos (até aqui vêm depois! Hehehe! Vão me matar!), e de bônus vem junto um monte de curiosos. Nascemos como se fôssemos oriundos de uma promoção.
      Está bem! Sem revoltas! Sei que você pode ter nascido órfão, quase sem nenhum destes grupos acima como companhia (curiosos nunca faltam). Ok! Não queria ferir seus sentimentos, mas quem mandou ser fora dos padrões? Putz! Magoei de novo! Mas vá lá, se você está nesta situação já aprendeu a conviver com isso. Afinal isso é um blog, e você é adulto, certo?
      Não também. Bah! Meu blog está sendo mais acessado que eu esperava. Uhuuuu!!!
      Ok, ok! Voltemos ao texto. Você também pode continuar lendo, afinal este espaço é público e não quero ser processado por discriminação. Até comentar você pode (só não muito longo, tá bem?)
      É gostoso ter todas aquelas pessoas à nossa volta, não é!? Parecemos atração de circo, acham que nossa barriga é feita para assoprar e que somos feitos para comer, fazer xixi, cocô e dar risada. Pior é que estão quase certos. Mas tirando nossa “utilidade” e dever civil, trazemos outras coisas conosco. Ou melhor, obrigações.
      Comer! Dinheiro para creche, afinal mamãe tem que trabalhar em seis meses. Fralda, porque o chá de fralda só chega ao segundo mês, com sorte. Roupas, porque de mês em mês as roupas não cabem mais. Mais comida! Muitos brinquedos, e assim que meus dedinhos conseguirem segurar o controle do Play, de preferência o que foi lançado ontem nos states. Mais comida, de novo. Professora particular, porque no colégio estudar é secundário, o que importa são as redes sociais, menos de 5oo amigos no Orkut é “fraco”.
      E depois? Depois temos 3 caminhos. Traficar, ser famoso de algum jeito ou saco, ter que trabalhar.
      - Ô pai, não tem uma vaga lá só da uma às cinco da tarde. Tenho que dormir de manhã, e de noite o futebol com a turma não dá pra faltar né.
      Talvez um quarto caminho: quem sabe ser o ás da família!? Estudar, fazer tudo certinho, formar-se, pegar o canudo e montar o churrasquinho na esquina.
      Certo pessoal, quanto melodrama! Pior que novela das 8. Mas se não for astro de sertanejo universitário, tiver bunda e seio grande ou acertar aquela m... de seis numerozinhos da mega, como vou comprar meu carro importado pra pegar as gatinhas ou me exibir para as amigas?
      Achou fútil? Cuidado! Após a geração Y, vem ai a geração Z. Esta nem sabemos se chegará à idade adulta, pois com o lixo, poluição e ignorância da geração X, o futuro da geração Z não passa de uma hipótese. Se a Y não fizer uma nova equação, poderemos deixar de existir por falta de matemáticos. Ou com tantas letras seriam teóricos? Ou filósofos?
      Bem, faça a sua parte, mas não me pergunte qual é. Cada um com seus problemas. Eis a vã filosofia do nosso mundo. E você ajudou a criá-lo. Faça alguma coisa, mas não me chame, estou ocupado recolhendo o cocô do meu cachorro.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Quem convidou!?

      Chega um sujeito nada extravagante, bem trajado, com certo charme no caminhar e cumprimenta um a um em uma roda de bate-papo, naquela sexta depois do dia das crianças. Todos com espírito leve e à espera da terceira rodada de chopp. A turma é formada por contemporâneos de faculdade. Todos se entreolham, mas como o estranho não faltou com o respeito, apenas retribuem o cumprimento, com certa estranheza. Gabão sai do banheiro e avista a cena. Apressa o passo e logo desfaz o mal-entendido. Apresenta Serafim a todos, que respiram aliviados e não conseguem esconder certo constrangimento. Em três anos jamais tinha convidado uma pessoa para o sagrado momento da sexta-feira.
      Armando cochicha em tom irônico com Isoldinha:
      - Será que resolveu sair do armário?
      Todos apresentados, a conversa continua e o estranho come o seu petisco, dá uma risada das piadas, toma seu chopp, mas tudo em total silêncio e discrição. Quando vem o terceiro copo de chopp, o convidado que até então estava só na observância aproveita um momento de silêncio e se pronuncia com voz firme:
      - O que é o tempo? Logo após:
      - Qual a formação da onda ideal? E emenda:
      - Quem tem razão, Darwin ou Descartes?
      - Por quanto tempo dura uma paixão?
      - Qual a razão de ser da inveja?
      - O que se faz depois do pós-barba?
      Diante do mais absoluto espanto e nenhuma resposta, continua o “interrogatório”.
      - Quem acha que pode dizer ao outro o que fazer?
      - Que tipo de homem bate numa mulher? E para concluir, faz uma pausa, como para causar impacto, e solta o desafio:
      - Alguém desta mesa tão distinta se habilita!?
      Levantando-se sugere que se encontrem naquela mesma mesa, na próxima sexta para discutirem estas questões, toma seu copo de chopp em um só gole, levanta e se despede com um abano geral. Todos o miram boquiabertos até sair por completo.
      Quando Gabão tira os olhos do Serafim e os mira de volta à mesa, sente todos os olhos presentes à mesa o fulminando. A primeira a dizer alguma coisa é a Verinha:
      - Você nunca convidou ninguém, e na primeira vez vem este, esta, este... esta figurinha metida a Platão!
      Em seguida é a vez de Sérgio:
      - Gabão, antes de hoje eu te invejava por nunca ter convidado ninguém, o único a quem nunca cedeu ao direito de convidar alguém e vem este Serafim falar esta baboseira toda. Você não é mais o capitão do nosso barco.
      Todo mundo começa a xingá-lo das mais variadas formas, uns mais exaltados como o Trovão (apelido do Jorge, depois do carnaval de 98 e seus inesquecíveis “trovões”) que chama Gabão e o amigo de pulhas safados. Mas ninguém foi tão cruel como a Marinha:
      - Evander (nome de registro do Gabão), você foi a pessoa que jamais soube aproveitar as chances que a vida te ofereceu, e nem na nossa turma você conseguiu isso. De onde você tirou este palerma metido à besta para vir com estas perguntas cretinas?
      Então depois de todos se pronunciarem ele respira fundo e diz com a maior calma do mundo:
      - Pessoal, o Serafim foi aquele mesmo cara chamado de “tesudo!” por esta mesma Marinha que acabou de chamá-lo de palerma. Só que isso foi há nove anos. Este mesmo “palerma” que “pegou” a Nanda no Cssgapa em 94. E é aquele mesmo cara que o pessoal chamava de Bill Gates lá na UFRGS. Que se não me engano, o fortão do Romualdo chegou a querer autógrafo, dizendo que um dia ia valer uma fortuna uma assinatura daquele “gênio”.
      Novas manifestações só foram proferidas depois de dois longos minutos de silêncio, e em meias palavras.
      - Não acredito!
      - Putz!
      - No que foi se transformar aquele gostoso?
      - Nã.....
      - Por que tu não... Será? Capaz!
      Até que o Sérgio pede desculpas e pergunta por que o Gabão não disse que aquele cara era “aquele” cara!?
      Então Evander estufa o peito e diz:
      - Porque eu queria mostrar pra vocês o quanto um adolescente pode se tornar "palerma" quando fica adulto, mesmo que todos achássemos que seria um sucesso. E que nós, apesar dos defeitos, temos a dignidade de poder dizer o quanto sentimos orgulho dos nossos amigos, de poder dividir esta mesa há tanto tempo, mesmo depois de termos nos formado e ainda assim alguns serem garçons, donos de sexy-shop ou cirurgião de cães e gatos. Pessoal: Eu amo vocês!
      A emoção toma conta de todos! Gabão é abraçado, beijado, apertado...
      Vem mais uma rodada de chopp regado a risadas, piadas e muita nostalgia.
      Tudo volta ao normal. Mas depois do acontecido nenhuma outra pessoa foi convidada para a turma de sexta, no Bar do Calixto, sem a autorização prévia do Capitão Gabão, que agora era de novo “o cara” da turma.